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Arquitetos: ThEPlus Architects
- Área: 133 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:In Keun Ryoo
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Fabricantes: Eagon, Haanong, Namudongwha, Sto, Toro, Younhyun
Descrição enviada pela equipe de projeto. Encontrar uma ‘fenda’– um pequeno pedaço de terra em uma cidade infinita –é como ter uma nova chance. É um fio de luz que se infiltra através de uma pequena rachadura. É uma pequena casa construída em um terreno de 56,2m². Formalmente, sua volumetria deformada faz com que o terreno pareça ainda menor. No entanto, para a família que ali mora, o espaço parece muito maior do que ele aparenta ser. O programa de necessidades solicitava uma casa unifamiliar com uma oficina no porão para um jovem casal com uma filha pequena. A escolha do terreno se deu, também, pela proximidade à escola que a filha frequenta.
Estabelecidos em Seul há muito anos, o casal não pôde ou não quis deixar a capital, seja por motivos profissionais seja pelo carinho que eles nutrem pela cidade. Portanto, eles acabaram optando por comprar um pequeno lote na periferia, um lugar onde sua filha pudesse se sentir livre e correr à vontade pelas ruas do bairro. Foi assim que eles decidiram construir a sua primeira casa.
Nós decidimos chamar este projeto de: ‘fenda’—um pequeno pedaço de terra em uma cidade infinita. Morfologicamente falando, a palavra significa ‘uma rachadura, um espaço estreito’. Mas fenda também significa uma ‘oportunidade’ ou ‘uma pausa’. Além disso, para nós, fenda significa ‘uma leve brecha’, uma pequena abertura para que a luz possa entrar.
Depois de discutirmos o conceito de ‘fenda’, ele se tornou o mote deste projeto—uma espécie de norte. Desde o início nos preocupamos em evitar que esta casa parecesse confinada, por isso, utilizamos as aberturas e vazios para conectar os seus espaços. A principal intenção é que os moradores possam acompanhar o movimento da casa independentemente de onde estejam.
Desta forma, procuramos encaixar os pavimentos de forma alternada, criando uma fenda que atravessa toda a altura da casa. Através desta operação formal, a casa parece se desdobrar através de seus múltiplos patamares, porém, mantendo sua conexão física e visual. Além disso, a maioria dos pequenos lotes suburbanos fazem frente à vias estreitas, neste caso, uma viela de apenas seis metros de largura. Tal situação nos desafiou a encontrar soluções que permitissem uma maior abertura porém, resguardando a intimidade da vida familiar.
Portanto, a casa foi projetada voltada para o sul, sendo que todas as janelas foram pensadas de forma a garantir a privacidade em relação aos edifícios vizinhos. Além disso, devido à diminuta área do lote, a distribuição do programa se dá de forma vertical. Quase todos os deslocamentos entre um espaço e outro requerem a utilização de escadas, as quais foram concebidas como elementos de transição e separação dos espaços da casa.
Construir casas em áreas suburbanas de Seul é um enorme desafio, muito porque a maioria dos lotes são quase impossíveis de se construir e as relações com o entorno não são nada convidativas. Entretanto, se formos observar com cuidado e atenção, estas tantas limitações também podem ser um convite à criatividade, uma forma de transformar a paisagem urbana da cidade.